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União Democrática Nacional (
UDN) foi um
partido político brasileiro fundado em
7 de abril de
1945, frontalmente opositor às políticas e à figura de
Getúlio Vargas e de orientação
conservadora.
Concorreu às eleições presidenciais de
1945,
1950, e de
1955 postulando o brigadeiro
Eduardo Gomes nas duas primeiras e o general
Juarez Távora na última, perdendo nas três ocasiões. Em
1960 apoiou
Jânio Quadros (que não era filiado à UDN), obtendo assim uma vitória histórica.
Seu principal rival nas urnas era o
Partido Social Democrático. Até as eleições parlamentares de
1962 a UDN era a segunda maior bancada do
Congresso Nacional, atrás apenas da bancada pessedista. Nesse ano, o
Partido Trabalhista Brasileiro tomou este segundo lugar da UDN. Como todos os demais partidos, a UDN foi extinta pelo governo militar que assumiu o poder em
1964.
Entretanto, após o
Golpe Militar de 1964, muitos quadros da UDN migraram para a
Aliança Renovadora Nacional.
Secretários-gerais
A UDN nos estados
Era um dos estados onde a UDN era mais forte. Lá ganhou duas eleições para governador: 1947 (
Milton Campos) e 1960 (
Magalhães Pinto). Seu principal rival era o PSD. Os maiores nomes do udenismo mineiro foram
Virgílio de Melo Franco,
Afonso Arinos,
Pedro Aleixo,
Alberto Deodato,
José Bonifácio Lafayette de Andrada,
Olavo Bilac Pinto,
Carlos Horta Pereira,
João Franzen de Lima,
Odilon Braga,
Oscar Dias Correia,
Gabriel Passos,
Antonio Neder e
José Maria Lopes Cançado. Todos esses tinham sido signatários do
Manifesto dos Mineiros, em 1943, primeira reação política organizada à ditadura de Getúlio Vargas, com exceção de Passos, colaborador do
Estado Novo até
1944. Neder e Bilac Pinto se tornariam ministros do
Supremo Tribunal Federal. Também se destacou
Paulo Campos Guimarães, chefe de gabinete dos governadores de Minas,
Rondon Pacheco e
Magalhães Pinto, Diretor da Imprensa Oficial de Minas e primeiro Coordenador da Cultura do Estado. Outros udenistas ligados a Magalhães Pinto, como
Aureliano Chaves,
Francelino Pereira e
Eliseu Resende seriam os principais expoentes da seção mineira da
Arena e depois do
PFL.
Ativíssima era a UDN carioca, com apoios na imprensa (principalmente do jornal
Tribuna da Imprensa), na Igreja católica e nas altas patentes militares. Era galvanizada pelo seu maior líder,
Carlos Lacerda, que ganhou as eleições de 1960 para governador ao derrotar o petebista
Sérgio Magalhães por 28% dos votos a 26%. Seu maior rival aqui era o PTB. Com exceção de
Adauto Lúcio Cardoso, seus grandes expoentes eram figuras carimbadas do lacerdismo, como
Sandra Cavalcanti e
Amaral Netto, fundador do
Clube da Lanterna.
A UDN fluminense não se confunde com a UDN carioca. No antigo estado do Rio de Janeiro, o PSD, liderado por
Amaral Peixoto era hegemônico, daí fazendo com que a UDN frequentemente se aliasse ao PTB. No entanto, a UDN apoiou o vencedor das eleições para governador de 1947, com
Edmundo Macedo Soares e Silva (do PSD). A UDN fluminense era heterogênea, reunindo bacharéis liberais como
Prado Kelly, o principal defensor do Brigadeiro Eduardo Gomes no partido, e
Raul Fernandes, Ministro das Relações Exteriores do Governo Dutra, com ex-integralistas como
Raymundo Padilha e líderes populistas como
Tenório Cavalcanti, considerado o primeiro udenista "com cara de povo". Tenório, principal cacique de
Duque de Caxias, se consagraria como grande líder popular famoso por sua capa preta e metralhadora chamada "Lurdinha", bem como por seu anticomunismo radical e seu envolvimento com dezenas de assassinatos de adversários políticos e desafetos.
A UDN nunca conseguiu ser forte no Estado. Apoiou o governo de
Carvalho Pinto (1959-1963). Teve como líder o deputado estadual
Abreu Sodré (que foi governador do Estado pouco depois do partido ter sido extinto). Na bancada federal paulista da UDN figurava o banqueiro e empresário
Herbert Levy, um dos mais combativos deputados udenistas durante os governos de
Juscelino Kubitschek e de
João Goulart, contra os quais fez oposição ferrenha. Outro nome de relevo da UDN paulista era o
Padre Calazans, eleito senador em
1958.
Na Bahia a UDN era forte, competindo contra o PSD pelo poder no Estado. Elegeu governador em 1947 (Octávio Mangabeira) e em 1958 (com Juracy Magalhães). Outros udenistas baianos foram: Aliomar Baleeiro, advogado tributarista integrante da "Banda de Música", grupo de políticos de formação jurídica que eram os mais vocais contra o Getulismo (Baleeiro seria nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal em 1968); Luís Viana Filho (seria nomeado Chefe do Gabinete Civil do Governo Castello Branco); Jutahy Magalhães (filho de Juracy) e Vasco Azevedo Filho. Já o udenista Antônio Carlos Magalhães era um deputado ligado à chamada "Chapa-Branca da UDN", pessoas que se filiaram à UDN não por um anti-getulismo entranhado, mas antes por conveniência da política local. Antônio Carlos veio a ser nomeado prefeito de Salvador com o Golpe de 1964, e depois foi eleito governador do Estado, tanto indiretamente quanto diretamente.
A UDN era o partido hegemônico neste estado e manteve-se no poder ininterruptamente entre 1947 e 1965 com os governadores
Oswaldo Trigueiro,
José Américo de Almeida,
Flávio Ribeiro Coutinho,
Pedro Gondim e
João Agripino Filho. Em 1955, Flávio Ribeiro do
PSB foi eleito governador com apoio da UDN local. Outros nomes de peso da UDN paraibana foram
Argemiro de Figueiredo,
Ernani Sátiro e
José Cavalcanti.
A UDN era o partido mais forte, porém competia quase em pé de igualdade com o PSD. Elegeu dois governadores:
Arnon de Mello (pai do futuro presidente
Fernando Collor de Mello) em 1950 e
Luís Cavalcanti em 1960. Um importante cacique udenista de Alagoas foi
Rui Palmeira, pai do futuro senador conservador
Guilherme Palmeira e do líder estudantil esquerdista e futuro deputado petista
Vladimir Palmeira.
A UDN sergipana era ligada aos usineiros, como
Leandro Maciel que foi eleito governador em 1954. Em 1958, a UDN elegeu governador
Luís Garcia, coligando-se com o PTB. Em 1962, a UDN elegeu o udenista dissidente
Seixas Dória, apoiado pela
Bossa Nova da UDN e que seria cassado no
golpe de 64.
A UDN era a segunda força, perdendo para o PSD, este rompido com sua direção nacional e assumindo uma postura mais conservadora. Assim, a UDN pernambucana via-se obrigada a aliar-se com o PTB e demais forças esquerdistas. Esta coligação heterogênea conseguiu eleger governador, em 1958, o usineiro udenista
Cid Sampaio. O maior líder da UDN pernambucana,
João Cleofas, apesar de se candidatar por 4 vezes, nunca conseguiu se eleger governador de Pernambuco.
A UDN chegou ao governo do estado em duas oportunidades, em 1954 e 1962, ambas com
Lacerda de Aguiar em coligação com o PTB ante o forte PSD capixaba (sendo que o candidato era do PTB, não da UDN).
No estado-natal de
Getúlio Vargas, a alternância política era entre o
PSD e o
PTB. A UDN, sem maior expressão, frequentemente se coligava com o primeiro. As forças hegemônicas da política pré-
Revolução de 30, base udenista nos demais estados, no
Rio Grande do Sul se agruparam no
Partido Libertador, fundado por
Raul Pilla, enquanto setores mais conservadores das áreas de imigração italiana e alemã preferiam o
Partido de Representação Popular. Os principais nomes da UDN gaúcha eram
José Antônio Flores da Cunha, que fora governador antes do
Estado Novo, e o senador
Daniel Krieger.
A UDN era dominante neste estado e elegeu governador em 1955 e 1960, respectivamente,
Dinarte Mariz e
Aluísio Alves (que, no entanto, concorreu pelo PSD). Em 1965, perdeu o cargo para o monsenhor
Valfredo Gurgel, do PSD.
Seu principal rival pelo governo do estado era o PSD e esta competição era bem acirrada. A UDN elegeu governador em 1947 (
Albuquerque e Sousa), 1954 (
Paulo Sarasate - que derrotou o pessedista
Armando Falcão em eleições com fortes acusações de fraude) e 1962 (
Virgílio Távora).
Após a queda de
Getúlio Vargas em 1945, UDN e PSD repetiam no Piauí o duelo travado em nível nacional com vantagem inicial para os udenistas, que elegeram
José da Rocha Furtado governador do estado em 1947 após uma férrea disputa com o PSD que fez a maioria na Assembleia Legislativa e boicotou as ações do executivo criando as condições necessárias para a vitória de
Pedro de Almendra Freitas do PSD em 1950. A partir de 1954 a disputa entre as duas legendas foi recrudescida graças à participação do PTB que ora se aliava a um partido, ora a outro. Em aliança eleitoral com o PTB, a UDN piauiense venceu o PSD local e assim elegeu
Chagas Rodrigues (do PTB) em 1958 sendo que a disputa entre as referidas legendas só teve fim quando
Petrônio Portela Nunes, eleito governador pela UDN em 1962, reuniu os próceres dos dois partidos em uma coligação que o levou ao poder e posteriormente formou a
Aliança Renovadora Nacional cabendo aos egressos do PTB e alguns dissidentes fundarem o
Movimento Democrático Brasileiro. Ao reunir rivais históricos sob uma mesma bandeira, Petrônio Portela assumiu o comando de um grupo político antes liderado por Pedro Freitas, seu sogro e ex-adversário.
Ligações externas
Notas
- ↑ NICOLAS, 1977, p32.
- ↑ HOERNER, 2001, p153.
Bibliografia
- NICOLAS, Maria. O Paraná na Câmara dos Deputados.Curitiba: Imprensa Oficial; 1977, 220p
- HOERNER Jr, Valério, BÓIA, Wilson, VARGAS, Túlio. Bibliografia da Academia Paranaense de Letras - 1936/2001. Curitiba: Posigraf, 2001. 256p.